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terça-feira, 24 de junho de 2014

A Edificação da Igreja segundo Paulo - breves pensamentos #Freaks!

A Igreja do Novo Testamento é o objeto permanente do cuidado de Deus sobre ela, sendo chamada para o progresso, extensão e consolidação, a sua auto-edificação, representada como um edifício, como santuário de Deus.
A imagem de edificação é predominante nas cartas de Paulo, inclusa em assuntos sobre a prática e a organização da Igreja. Seu conceito de habitação e edificação qualifica a Igreja no sentido histórico-redentor e escatológico como templo de Deus, esclarecendo que a Igreja, que pertence a Cristo, é o santuário do Senhor, no qual habita o Espírito de Cristo.

         Da mesma forma, Paulo emprega o crescimento ou aumento da Igreja, num claro contexto onde a edificação é predominante. A palavra edificação aparece com freqüência no Novo Testamento, que caracteriza a Igreja como “santuário”, como “casa”, o “edifício” de Deus e essas representações são uma extensão do significado de Israel no Antigo Testamento, a obra contínua de Deus em seu povo (Romanos 14:19,20), aqueles que são seu santuário e habitação. Vemos isso nas promessas proféticas de restauração do povo que estava no exílio, da reedificação de suas cidades e do templo, como também da reconstrução das casas e dos muros destruídos.
Paulo, no Novo Testamento, amplia esse conceito, aplicado agora à Igreja cristã, que é edifício de Deus, sua casa, seu baluarte da verdade, sendo os crentes a família de Deus e os presbíteros e apóstolos despenseiros de Deus. Assim, Paulo escreve em suas cartas várias expressões usadas para descrever a construção de uma casa, vemos isso em Romanos 15:20, onde ele se autodenomina o construtor que lança o fundamento sobre o qual outros edificam, como outro exemplo temos Cristo como fundamento (1 Coríntios 3:11 e Colossenses 2:7), já em outras passagens os profetas são chamados de fundamento (Efésios 2:20).
Pertencer ao edifício torna-se algo dinâmico, o santuário é o ponto de partida, mas também o objetivo. Os conceitos de Igreja como corpo de Cristo estão intimamente ligados com casa e habitação de Deus, se todos estão em Cristo, são edificados juntamente a fim de pertencerem à casa onde o Espírito de Deus habita.
A casa de Deus cresce, como um organismo vivo (Efésios 2:21), e também é edificado como um edifício (Efésios 4:12, 16), essa edificação acontece em Cristo, o fundamento que outrora foi lançado (1 Coríntios 3:10, 11). Ainda segundo Efésios 2:21, em Cristo, todo edifício bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor.
Para que ocorra essa edificação, Deus concede dons e poderes, como vários tipos de ministérios cujo objetivo é o avanço da edificação. A reunião da Igreja serve para uma edificação mútua e proclamação da palavra de Deus.
         Essa obra redentora contínua e de consumação da parte de Deus, objetiva tanto em trazer pra dentro os que estão fora (Romanos 15:20) como no fortalecimento e aperfeiçoamento de todos os que em Cristo, pertencem agora à Igreja.
         A extensão e o progresso da Igreja, num sentido qualitativo bem como geográfico, são dentro da linha de pensamento de Paulo, uma das características e condições essenciais da Igreja no tempo entre a ascensão de Cristo e sua manifestação futura, e a partir disso, concluímos que a edificação extensiva está ligada ao contexto histórico-redentor da edificação divina, com o chamado missionário da Igreja. O tema principal do pensamento de Paulo é o avanço da proclamação do evangelho a todas as nações (Rm 1:16; 3:22), o princípio da catolicidade da Igreja (Gálatas 3:28), envolvendo a Igreja que já foi salva nessa obra missionária a se despertar para uma atitude missionária.
A postura missionária da Igreja está ligada à santificação da vida da Igreja. Toda a vida da Igreja deve ser tal que o adversário seja envergonhado não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito (Tito 2:8), a fé da Igreja deve estar em conformidade com o Senhor, tendo uma vida digna dele (Colossenses 1:10) e do evangelho de Cristo (Filipenses 1:27).
Os dons de Cristo para sua Igreja servem para edificar seu corpo, e o apóstolo diz o seguinte destino: “até que todos cheguemos à unidade da fé e todo pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”(Efésios 4:13). Assim, todo o processo de edificação está voltado para a plenitude da varonilidade e maturidade da Igreja. Se olharmos de perto, o que Paulo entende por esses termos, vemos que:
1)  A edificação da Igreja é seu estabelecimento em Cristo, da certeza que ela pode e deve, cada vez mais, lançar mão da realidade de que Cristo é seu fundamento e fonte de vida. Tendo recebido e aprendido de Cristo (Colossenses 2:6; Efésios 4:20,21), ela deve andar e habitar nele.
2)  Estar enraizado e alicerçado em Cristo não significa uma condição estática, mas algo progressivo a partir da raiz, não pensando numa extensão primeiramente quantitativa, mas numa edificação e num crescimento qualitativos.
3)  O amor e a unidade servem como prova de maturidade quanto de conhecimento. A verdade deve ser praticada no amor e é só desse modo que ocorre o crescimento (Efésios 4:15). O amor é o segredo da edificação (1 Coríntios 8:1; Romanos 14:15), entre todos os dons ele é sobremodo excelente (1 Coríntios 13), constitui o vínculo da perfeição da Igreja (Colossenses 3:14).
“Dom” é tudo o que o Espírito deseja usar e empregar para equipar a Igreja, aquilo que pode servir de instrução e admoestação e para a ministração mútua. Porquanto, todos os dons foram colocados a serviço do corpo de Cristo, com o objetivo final de servir e glorificar o próprio Deus em Cristo. Não apenas os dons e as pessoas que os receberam dizem respeito à edificação da Igreja, mas também a observação de uma certa ordem e o reconhecimento de uma certa lei na Igreja. Tudo isso serve para induzir a Igreja a preservar seu próprio caráter, para fazer com que viva unida em ordem e harmonia para conduzi-la a um serviço distintivo e responsável a Deus como comunidade, para protegê-la do erro e da divisão.
No que se refere ao culto, recebemos de Paulo informações detalhadas nas epístolas, com instruções sobre a constante proclamação da Palavra na assembléia da Igreja, em que sua existência é dependente da preservação da pregação do evangelho. Além da Palavra de Deus sendo proclamada, Paulo fala em mais detalhes da observação da Ceia do Senhor, sobre a administração do batismo servindo como incorporação na Igreja; e encontramos ainda Paulo relatar sobre entoar salmos hinos e cânticos espirituais como um elemento das assembléias.

A Igreja é estimulada a imitar os apóstolos e a Cristo, e através de sua conduta, levar outros à salvação, tendo uma posição missionária não apenas em palavras, mas, acima de tudo, em boas obras, testemunhando o evangelho em palavras e atos, direta ou indiretamente. Os motivos mais profundos para isso é que a Igreja está incluída na obra divina de abrangência absoluta em Jesus Cristo. O objetivo final não é a Igreja em si, nem seu número de membros ou prestígio, mas a revelação escatológica em Cristo, da qual a Igreja é a portadora da glória de Cristo (Efésios 1:23; 4:13,16). Tudo isso é pra glória de Deus, porque dele, por ele, por meio dele são todas as coisas.

                                       Joelma do Carmo, Maio/2014, baseada em: Teologia do Apóstolo Paulo - Ridderbos, Herman - Cultura Cristã, 2004
 

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